Continuação
Falarei de alguns fatores que acredito necessitar de uma atenção especial.
As cobranças exageradas aos alunos nas escolas podem fazer com que a criança se sinta incapaz por não conseguir acompanhar essas exigências e consequentemente ter que assumir o “fracasso” escolar diante dos pais, colegas e professores. A competição exagerada e muitas vezes exposição excessiva das suas dificuldades para colegas, constrange, inibe e estressa os pequenos.
A morte na família também é um fator de peso, principalmente se esta morte for de um dos pais ou de um irmão. Começamos a vida com uma perda. Somos lançados para fora do útero sem “nada”. Deixamos ou somos tirados de um lugar quentinho e seguro para fazer parte de um mundo o qual nada temos. Sem saber se defender, sozinho, tendo que suportar na caminhada várias perdas e vários aprendizados para que no futuro ainda distante possamos quem saber suportar a dor da perda que a morte nos trás.
Quando a morte chega antes de passarmos por algumas perdas necessárias a dificuldade de lidar com ela é maior, principalmente quando a morte leva aqueles ou um daqueles que nos ajudaria a suportar tal angústia.
Outro fator que vamos enfatizar aqui é a disciplina confusa por parte dos pais. Esse é sem soma de dúvida um fator muito estressante para a criança.
Alguns pais como já falado anteriormente são muito permissivos, deixam os filhos fazer praticamente tudo. Principalmente por não agüentar a angústia dos filhos. Entretanto em alguns momentos, por estar estressado, com muito trabalho, depressivo, ansioso, angustiados ou por vários outros motivos acabam descarregando nos filhos. Essa descarga aparece em momentos em que as crianças estão fazendo algo “errado”. O pior é que aqueles pais super permissivos acabam brigando por algo que anteriormente, a algumas horas atrás , por exemplo deixaria fazer sem problema algum. Essa atitude faz com que a criança fique muito confusa e não consiga entender porque alguns minutos atrás ela fez a mesma coisa e foi aplaudida e reforçada através da permissividade dos pais, e agora ela está sendo corrigida verbalmente, com gritos e/outras formas de correções, até mesmo agressivas.
A criança terá dificuldade em distinguir o que é certo e errado, e conseqüentemente irá reforçar negativamente a relação com esse cuidador.
Outro exemplo é quando os pais possuem opiniões diferentes entre as normas corretas de educar seus filhos. Quando um fala uma coisa e outro discorda tudo ou de quase tudo, principalmente na frente desta criança.
O pai muito cordato e permissivo obriga a mãe assumir o papel de ruim e malvada. Aquela que só tira e nada dá. Causando uma enorme confusão na cabeça da criança.
Esses são sem sombras de dúvidas fatores extremamente estressantes para uma criança, pois os pais acabam não oferecendo uma base firme em que a criança possa se apoiar em momentos difíceis da sua pequena vida, dificultando um relacionamento de confiança com seus pais.
Por último gostaria de enfatizar outro fator estressante, a doença mental de um dos pais. Mas, deixaremos para outra oportunidade.
Taís Silva Melo
Psicóloga Clínica
Atendimento adulto e infantil.